Acho engraçado como, após a leitura de algum livro, acabo por narrar a minha vida com as palavras do autor.
Me atiro na história direto do fim, dando continuidade para aquelas vidas fictícias que ali ficaram. Sou ao mesmo tempo personagem e autor, narrando tudo que me rodeia, inclusive eu mesma.
Assim que vejo algo novo, crio imediatamente uma vida passada para aquilo, como se estivesse o acompanhando há algum tempo, me coloco naquilo e perco imediatamente o interesse por tudo já visto por mim.
Fecho os olhos e me vejo em qualquer outro lugar que não aqui. Uma calçada à beira-mar do Rio de Janeiro, uma rua de subúrbio em algum canto da Europa, uma praça seca e movimentada do Nordeste ou uma cidade poluída e industrializada do futuro. Não importa. Saio de casa e viajo pelo mundo no meu quarto em pleno sábado a noite.
Portanto, hoje não sou eu que vivo, sou outrem. Sou Castana Beatriz esperando ser amada por Benjamim Zambraia, mesmo não o amando mais. Fim.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Olho ao redor do meu quarto e algo parece diferente. Talvez esteja faltando alguma coisa, ou simplesmente sobrando meu ego.
Preparo o café e o gosto não parece o mesmo. Tem gosto de máquina com adoçante, não de café-com-açúcar-antes-da-escola, como costumava ter.
Abro meu guarda-roupas e reparo que metade das minhas roupas está lavando ainda... Há quase uma semana. Em pensar que antes tinha tudo no lugar.
A sala sem cheiro de cera, os banheiros sem cheiro de pinheiro, a louça empilhada e suja há três dias e nos armários nada em potes organizados por tamanho e tipo, mas suas embalagens coloridas e cheias de desenhos sem sentido.
Tudo pareceu bagunçado e diferente desde que foi embora, mas aos poucos fui aprendendo a me virar e manter tudo em ordem. Aprendi mais rápido que o normal a cuidar de uma casa, de um pai e de uma irmã sem reclamar. O tempo me ensinou como organizar, limpar e cuidar de tudo, mas tem uma coisa dentro de mim que eu simplesmente não consigo embalar e colocar na estante. É a sua falta.
Você me ensinou muitas coisas que eu vou carregar pro resto da vida, coisas que fazem parte de mim, mas esqueceu de me ensinar a esquecer a saudade e a falta que você me faz todos os dias.
Falta essa que a gente só sente quando perde alguém muito próximo, seja pra morte ou pra uma outra vida. Só que o que eu sinto é bem pior, é a falta de você, mãe.
Te amo.
Preparo o café e o gosto não parece o mesmo. Tem gosto de máquina com adoçante, não de café-com-açúcar-antes-da-escola, como costumava ter.
Abro meu guarda-roupas e reparo que metade das minhas roupas está lavando ainda... Há quase uma semana. Em pensar que antes tinha tudo no lugar.
A sala sem cheiro de cera, os banheiros sem cheiro de pinheiro, a louça empilhada e suja há três dias e nos armários nada em potes organizados por tamanho e tipo, mas suas embalagens coloridas e cheias de desenhos sem sentido.
Tudo pareceu bagunçado e diferente desde que foi embora, mas aos poucos fui aprendendo a me virar e manter tudo em ordem. Aprendi mais rápido que o normal a cuidar de uma casa, de um pai e de uma irmã sem reclamar. O tempo me ensinou como organizar, limpar e cuidar de tudo, mas tem uma coisa dentro de mim que eu simplesmente não consigo embalar e colocar na estante. É a sua falta.
Você me ensinou muitas coisas que eu vou carregar pro resto da vida, coisas que fazem parte de mim, mas esqueceu de me ensinar a esquecer a saudade e a falta que você me faz todos os dias.
Falta essa que a gente só sente quando perde alguém muito próximo, seja pra morte ou pra uma outra vida. Só que o que eu sinto é bem pior, é a falta de você, mãe.
Te amo.
Respiro fundo em busca de ar como alguém que estava por minutos embaixo d'água... E nada. Respiro fundo e só encontro mágoa. Respiro fundo e não encontro nada.
Deixei de deixar o ar entrar em mim quando você tomou o lugar dele. Agora se foi e não há mais nada para inspirar. De mim, só ar sai, só ar entra.
Deixei de deixar o ar entrar em mim quando você tomou o lugar dele. Agora se foi e não há mais nada para inspirar. De mim, só ar sai, só ar entra.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Peço desesperadamente que alguém me entenda, mas eu mesma não sou capaz. É perigoso brincar de pensar no escuro, segundo Lispector, mas é só quando me atrevo a tal. Talvez eu só consigo pensar quando sinto que é perigoso. No claro, a lucidez não permite que eu me alcance da mesma forma.
Então brinco na janela de assoprar a brasa do cigarro só para o ver queimando, enquanto observo as luzes do resto do mundo que está tão vivo quanto a noite iluminada. Assim como brinco de pensar no escuro, para me ver queimando enquanto os outros brincam de viver.
Então brinco na janela de assoprar a brasa do cigarro só para o ver queimando, enquanto observo as luzes do resto do mundo que está tão vivo quanto a noite iluminada. Assim como brinco de pensar no escuro, para me ver queimando enquanto os outros brincam de viver.
Será a fraqueza uma coisa ruim?
Quando me sinto fraca, procuro algo onde me apoiar e acabo por senti-lo, de fato. No entanto, quando me sinto forte, acredito cegamente que não preciso de mais nada além de mim e, por fim, não encontro amor em mais nada que não o Eu e o mesmo me leva de volta a fraqueza.
É de certa burrice acreditar cegamente em algo que nem mesmo entendo, reconheço, e geralmente não me faz bem.
Portanto, não me acrescenta em nada ser forte. pois não sei como faze-lo de forma certa. Já a fraqueza me ensina como ser eu sem secar, nem transbordar.
Quando me sinto fraca, procuro algo onde me apoiar e acabo por senti-lo, de fato. No entanto, quando me sinto forte, acredito cegamente que não preciso de mais nada além de mim e, por fim, não encontro amor em mais nada que não o Eu e o mesmo me leva de volta a fraqueza.
É de certa burrice acreditar cegamente em algo que nem mesmo entendo, reconheço, e geralmente não me faz bem.
Portanto, não me acrescenta em nada ser forte. pois não sei como faze-lo de forma certa. Já a fraqueza me ensina como ser eu sem secar, nem transbordar.
Sinto como se nada mais tivesse a acrescentar. Já ultrapassei meus limites de não fazer absolutamente nada e agora simplesmente vivo, sem emoção alguma, sem sentimento em mim.
Sou só mais uma, finalmente. Mas nem assim meu coração pára de gritar desesperadamente por algo mais. O que? Não sei. Só sei que vou continuar vivendo até onde dá. Uma hora essa voz acaba e então só me resta sorrir.
Sou só mais uma, finalmente. Mas nem assim meu coração pára de gritar desesperadamente por algo mais. O que? Não sei. Só sei que vou continuar vivendo até onde dá. Uma hora essa voz acaba e então só me resta sorrir.
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